quarta-feira, 30 de março de 2016

DEIXE SEU FILHO LONGE DESSE ÓDIO TODO

Quando entro na escola do meu filho e vejo aquelas crianças todas brincando meu coração sempre enche de esperança. Não paro de sorrir para aquela gritaria fininha, e meus olhos nem piscam ao ver a alegria dos meninos e meninas correndo para cima e para baixo, absortos em suas próprias fantasias, brincadeiras e sonhos, sem ter a menor ideia das guerras rolando atrás da jabuticabeira linda colada ao muro da educação infantil.
Mas fiquei chocada, semana passada, ao ver que o ódio, esse sentimento comezinho, adulto e detestável, tinha sim pulado o muro e sentado no gira-gira do parquinho das crianças. Tinha invadido também a aula de artes, esse lugar sagrado onde nossos filhos desenham o céu, as nuvens e colam lantejoulas amarelas no sol, para que fique com o brilho igual ao de suas fantasias.
Ninguém deveria ter deixado isso acontecer. Pior do que assistir à invasão bárbara é comemorá-la. “Meu filho, meu maior orgulho. Gui se manifestando na aula de artes. Vamos para as ruas domingo, vamos lutar por um país digno para as nossas crianças”, escreveu um pai semana passada em seu Facebook, ao compartilhar, orgulhoso, um desenho de seu filho feito na escola.
Não sei quem é esse pai, a pessoa que compartilhou na minha timeline teve o cuidado de não expor a identidade desse homem. Sabemos apenas que ele é o pai do Gui. Não conheço tampouco a professora do Gui e a escola do Gui mas, espero de todo o coração, que ambas tenham ficado chocadas a ponto de chamar essa família para conversar.
Um menino que senta em sua mesinha, coloca um avental e, em vez de desenhar e pintar o Ben 10 ou Homem Aranha, retrata a Presidenta e o ex-Presidente da República com ferimentos no peito, sangrando, ao lado das frases “Morre Diuma” (sic) e “Morre Lula” precisa de ajuda. E rápido.
Deixe seu filho longe desse dio todo
O Gui deve ser como todas as crianças. Gosta de super-heróis, adora um Lego. E muitas vezes, deve ser retirado de seu mundinho paralelo de brincadeiras para correr para a varanda e gritar uns palavrões horríveis, como “puta” e “vagabunda” enquanto seus pais batem panelas. “Mas a mamãe e o papai não disseram que é feio falar palavrão?”, pensa. Pensa, mas não diz, porque nessa idade eles aprendem tudo o que a gente faz, como esponjas, quase sem questionar. Aos poucos o Gui está aprendendo também que se pode fazer justiça com as próprias mãos quando ouve o pai dizer que “tem que matar esse bando de petistas!” Também fica confuso quando a mãe xinga uma mulher que está de vestido vermelho na rua: “Mas vermelho não é só uma cor?”, pensa. “Mas se a mamãe está tão brava deve ser uma cor horrível”, conclui.
Salvem o Gui, salvem os nossos filhos. Não deixem que eles acreditem que desejar a morte de uma pessoa é normal. Não deixem que eles acreditem que xingar uma mulher de puta e vagabunda é aceitável. Que espancar alguém que veste vermelho é um comportamento admissível. Ele e os nossos filhos têm que aprender que todos podem lutar pelos seus ideais, mas dentro da lei. E que urrar, babar e matar é coisa de bicho, não de homo sapiens.


Por RITA LISAUSKAS -
Fonte jus brasil
Wagner Francesco
Theologian, Paralegal and Ghost Writer

Nascido no interior da Bahia, Conceição do Coité, Teólogo e Acadêmico de Direito. Pesquiso nas áreas do Direito Penal e Processo Penal. facebook.com/wagnerfrancesco

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

PÁGINA NA INTERNET ANUNCIA VENDA DE CARTEIRA PROFISSIONAL DA OAB



Uma página na internet está oferecendo a venda de carteiras profissionais para bacharéis em Direito. No endereço http://vendocarteiraoab.blogspot.com.br/, uma pessoa que diz se chamar Ricardo Drummond diz que a transação é rápida e sem burocracia para quem deseja receber a carteira da Ordem dos Advogados do Brasil sem ter se submetido ao Exame de Ordem. A prática é crime.
Além de explicitar a forma como a venda será realizada, o blog disponibiliza contato via e-mail e skype e promete a entrega do documento falso entre 7 e 10 dias úteis. A promessa é de oferecer “documento de procedência quente apenas facilitado para aquelas pessoas que não têm tempo de frequentar os exames de forma tradicional”.
Além disso, a página garante que será providenciado o registro do documento falso com todos as informações do “candidato no banco de dados do Conselho da OAB, possui prontuário e (login e senha) para consultas”. A página é assinada por uma pessoa que se chama Ricardo Drummond.

Não é a primeira vez que a internet é usada como tentativa criminosa de burlar o exame de Ordem na aquisição da carteira da OAB. Em 2014, um perfil no Facebook vendia registros da OAB emitidos pelos órgãos de Goiás, São Paulo e Minas Gerais.

Fonte: Rota Jurídica - Postado em 10 de fevereiro de 2016 às 8:28

domingo, 7 de fevereiro de 2016

'PAIS NÃO EDUCAM', DIZ PROFESSOR QUE SOBREVIVEU A CINCO TIROS DE ALUNO INSATISFEITO COM NOTA

A carreira do professor de Biologia sergipano Carlos Christian Gomes, de 33 anos, foi interrompida por um episódio trágico em agosto de 2014. Insatisfeito com a nota de uma prova, um aluno, de 17 anos, disparou cinco tiros contra o professor.
"Não consigo entender como, por um motivo tão fútil, ele tentou tirar minha vida", disse à BBC Brasil.
Christian, que também é biomédico, lecionava em uma escola da rede estadual na grande Aracaju, em Sergipe. Uma semana após o incidente, o aluno se entregou à polícia e confessou o crime. Ele foi condenado e deve cumprir pena máxima de três anos em uma unidade de correção de menores. O professor está paraplégico e recebe tratamento para superar o trauma físico e psicológico.
Apesar de ter sido vítima de agressão pela primeira vez – em dez anos como professor da rede estadual de ensino –, Christian diz que ameaças verbais a professores são comuns e afirma que a falta de participação dos pais contribui para violência nas escolas.
"Muitos pais dizem que trabalham o dia todo e deixam a responsabilidade de educar pra a gente. Mas, se os pais não educaram, não vou conseguir educar em um semestre", disse.
"Um exemplo típico é um pai ou mãe não orientar seus filhos a estudar para as provas e fazer suas tarefas de casa. Quando chegam à escola, eles são cobrados e não aceitam essa cobrança porque, em casa, onde deveria ser educado, ele não cumpre suas obrigações."
A violência contra os professores foi tema de uma série de reportagens da BBC Brasil em preparação para as eleições de 2014. O caso do professor foi destacado por leitores em nossas páginas de redes sociais como um símbolo do problema.
O tema ficou ausente dos debates entre candidatos aos governos estaduais e à Presidência, mas casos como o de Christian continuaram surgindo no noticiário. Na semana passada, a diretora de uma escola pública em Belo Horizonte foi agredida por um aluno de 16 anos com uma barra de ferro.
Há cerca de um mês, outra diretora, dessa vez de uma escola em São Paulo, teve de se afastar do trabalho após ter sido agredida pelo pai de um aluno, que a deixou com hematomas no braço.

Longe da sala de aula

Em dezembro, cerca de três meses depois do incidente que deixou Christian paraplégico, outro aluno entrou armado no mesmo colégio, a Escola Estadual Professora Olga Barreto, em São Cristóvão, na grande Aracaju.
De acordo com a mídia local, o aluno ameaçou um colega de morte, mas deixou a escola antes que a polícia chegasse.
"Quando o caso passou na televisão aqui em casa, eu comecei a tremer e a chorar. Nunca fui assim, nunca fui tão emotivo", contou.
Após 78 dias no hospital – 38 deles na UTI –, ele diz que se considera bem de saúde, apesar da lesão na medula que o deixou sem movimentos do peito para baixo. Christian faz fisioterapia três vezes por semana, mas precisa de ajuda para realizar atividades básicas.
Apesar de torcer por uma recuperação rápida, no entanto, ele diz não pensar em voltar às salas de aula do Ensino Médio.
"Me sinto inseguro em ficar de costas em uma sala de aula. Confiar no inesperado pra mim é desesperador", disse.
"Me interessei pela profissão porque sempre gostei de passar conhecimento para as pessoas. Ainda quero fazer isso, mas de outra forma. Quem sabe no curso superior", disse Christian, que vem de uma família de professores.
Christian diz que professores convivem diariamente na rede pública com ameaças de agressão feitas por alunos, especialmente em bairros mais violentos.
"Ameaças verbais e ousadia dos alunos acontecem em todo lugar, até em colégio particular. Mas, nas escolas particulares, não acontecem ameaças de morte. Nos colégios do Estado, isso é comum. (As ameaças são) de alunos para professores e funcionários ou entre dois alunos."
O professor, no entanto, disse nunca ter tido problemas até aquele momento – nem com o rapaz que tentaria matá-lo. "Às vezes, um ou outro aluno queria chamar a atenção enfrentando os professores, mas nunca cheguei a me sentir ameaçado, achando que era apenas coisa de adolescente."
Hoje, no entanto, a sensação é outra. "Minha mãe, que era professora, já se aposentou, mas penso em minha irmã e meus primos, que ainda estão ensinando nas escolas públicas".

Desvalorização

A "desvalorização" da profissão por parte do poder público impede "a criação de uma estrutura de segurança para a profissão", afirma o professor.
"Boa parte das escolas públicas do Estado de Sergipe, onde leciono, não tem estrutura física. São muros quebrados ou caindo, portões quebrados, salas de aula sem portas. Isso já gera uma total falta de segurança para professores e alunos."
"No dia da tentativa de assassinato contra minha pessoa, o aluno armado entrou e saiu pela porta da frente da escola sem nenhum impedimento”, afirma. "Acho que o Estado poderia colocar vigias e dar estrutura física para as escolas. E para os alunos, acompanhamento diário de psicopedagogos."
Após o ataque a Christian, a Secretaria de Educação anunciou uma comissão permanente de acompanhamento da violência nas escolas, formada pela Secretaria de Educação, professores, pais, funcionários não docentes e estudantes.
Desde então, segundo o diretor do Departamento de Educação da secretaria, Manuel Prado, foram realizados encontros de formação e orientação com diretores de escolas, com professores e com alunos. Ele afirma também que a secretaria visitou 20 escolas em todo o Estado que apresentaram maiores índices de violência.
Christian, por sua vez, também defende a redução da maioridade penal para 16 anos e pede que "escolas abertas" sejam implantadas em rede estadual.
"Seria importante que a escola tivesse mais abertura para a comunidade, fazendo mais reuniões com os pais durante a semana, permitindo que as pessoas pratiquem esportes nos fins de semana. Atualmente, não tem tanta abertura."

Fonte: BBC


quarta-feira, 25 de novembro de 2015

SENADO APROVA ELEVAR DE 70 PARA 75 ANOS A APOSENTADORIA NO SETOR PÚBLICO

O Senado aprovou, na noite desta terça-feira (29), o projeto de lei que aumenta de 70 para 75 anos a idade da aposentadoria compulsória para todo o funcionalismo público do país. Os senadores aprovaram, por unanimidade, com 65 votos, as mudanças incluídas no texto pela Câmara dos Deputados.
O texto original é de autoria do senador José Serra (PSDB-SP) e já havia sido aprovado pelo plenário do Senado, mas, como sofreu mudanças na Câmara, voltou a ser analisado pelos senadores nesta terça. Agora, o projeto segue para sanção da presidente Dilma Rousseff.
Em maio deste ano, foi aprovada uma emenda à Constituição, apelidada de PEC da Bengala, que ampliou de 70 para 75 anos a idade para aposentadoria compulsória de ministros de tribunais superiores, como o Supremo Tribunal Federal (STF), e do Tribunal de Contas da União. A medida, porém, não atingia os demais servidores públicos.A proposta prevê que, além dos servidores da União, estados e municípios, a medida também valha para os membros do Poder Judiciário, do Ministério Público, das Defensorias Públicas e dos membros dos Tribunais e dos Conselhos de Contas.
Apesar de ter sido aprovada no Congresso, a proposta vai de encontro a uma decisão do STF que determinou que as regras sobre os servidores da Justiça só poderiam ser decididas pelo próprio Supremo.
Na Câmara, os deputados decidiram excluir da mudança os servidores do Itamaraty que trabalham no exterior, incluindo as carreiras de diplomata, oficial de chancelaria e assistente de chancelaria. A emenda prevê uma regra de transição por dez anos para que, nesse meio tempo, seja feita uma reestruturação nessas carreiras.
Os deputados também aprovaram revogar a regra que determina que os policiais se aposentassem aos 65 anos de idade. Com isso, os profissionais da categoria também poderão trabalhar até os 75 anos. As mudanças foram aprovadas pelos senadores.
Fonte: G1 
Fonte Imagem: http://nrfacil.com.br/